sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Evolução

Eu sempre quis ter filhos mas sempre fiz disso um drama, um bicho de sete cabeças, um "como é que vou ser boa cirurgiã e boa mãe?", um "o melhor é ter filhos só depois da especialidade" ou um "vai na volta o melhor é nem ter filhos". Drama queen, eu.
E nem me apercebia. Se entre os 15 e os 24 anos ter filhos era certinho, os revezes do cupido e da vida alteraram os planos. É normal.
E eu ia fabricando os meus dramas, os meus impedimentos.
Mas um dia, um maravilhoso dia, Deus (Esse que tudo sabe), os meus maravilhosos óvulos e o melhor homem que podia ter acontecido na minha vida uniram-se para me mostrar que não controlamos nada. Que os dramas acabam quando o teste é positivo e que tudo se torna muito mais claro quando é positivo duas vezes.
Li algures que ser mãe de gémeos é a grande oportunidade de aprender a ser menos egoísta, a estar mais disponível e a pôr o bem estar dos outros à frente (duas vezes).

Acima de tudo é a grande oportunidade (e a responsabilidade) de criar duas pessoas de bem.

Esta é a minha oportunidade de evoluir. De tentar ser melhor pessoa.

Assim seja.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Certezas da vida...

U know you love your kids to death when, after a month of sleep deprivation, you still find them adorable at 3 a.m.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

34 semanas!

Grávida é um bicho chato. Grávida só fala de bebés, só pensa em bebés, vive de bebés.

Deus sabe que amo estes pequenos bichinhos que crescem dentro de mim, mas 9 meses de gravidez é muito mês. E escusam de vir com conversas de que "devias era aproveitar aquilo que outros não podem ter" e mais renhénhénhéu porque eu aproveito e agradeço. Mas não tenho de gostar de estar grávida.

Tenho saudades de sair de casa de manhã leve (onde é que isso ficou) para trabalhar. Dos meus doentes, do bloco operatório, das urgências...

Tenho saudades de ter assunto de conversa para além dos bebés.

Tenho saudades de 14 kg a menos.

Tenho saudades de conduzir para ir a qualquer lado sem tem um batalhão de PIDEs a perguntar porquê e a dar a suas opiniões acerca dos perigos de uma grávida de setecentas semanas que mal cabe no carro, conduzir.

Tenho saudades de conseguir pôr creme nas pernas e de pintar as unhas dos pés. E de não precisar de creme anti-estrias.

Tenho saudades de dormir uma noite inteira.

Tenho saudades do meu andar sexy.

Tenho saudades de dançar (ou melhor, tenho saudades de dançar sem parecer a hipopótama do Madagascar...).

Tenho saudades da minha energia.

Enfim, por agora sei que é o melhor. Que por eles compensa tudo. Tudo, tudo. Mas que tenho saudades, tenho.







terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ecografando...

E não é que depois de andar em stress a comprar roupa 00, vulgo roupa de prematuros, os bichinhos já têm 2 Kg? Sim, cada um. E ainda falta um mês e meio... Percentis 75 e 50.

Leitõezinhos é o que é...

Roupinha tão linda para 45 cm... Hão-de vesti-la, nem que fiquem todos encarquilhadinhos lá dentro.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Medo...

A pessoa, igual a mim, que disse (animada e credulamente):

"se calhar nem era mau ter um parto "normal", assim o pai podia estar lá ao lado e cortar os cordões!"

... não fui eu! É a oxitocina a falar por mim!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pequenas vitórias

30 semanas amanhã and we still rockin'! Ou melhor, slowing. Porque rocking provoca contracções e nós estamos, mais que nunca, a viver em "lento, lentinho"...

Anyway, se as primeiras dezoito semanas de gravidez foram péssimas e as dez seguintes foram muito más, as ultimas duas têm corrido muito bem. Engordei pouquinho, não tenho "aquela" fome de que as grávidas se queixam, mantenho as pés e pernas sem inchaços, não tenho dores incapacitantes, durmo a noite toda (acordo vinte vezes, mas durmo a seguir)...
A unica coisa que incomoda é a falta de ar e o cansaço. Canso-me muito, alguns passos são suficientes para iniciar contrações mas se ficar quietinha e não abusar, fico bem.

Depois de passarmos a fase do risco de prematuridade extrema, mamãe aqui relaxou. É obvio que mantenho os meus medos e angústias, o coração apertado cada vez que imagino os pequenos numa unidade de cuidados intensivos neonatais. E sei que os riscos se mantém, mas são menos e se há coisa que aprendi nestes últimos meses, é que cada vitória é uma vitória e tem de ser vivida e sentida como tal, em vez de desvalorizada.

Foi isso que os meus filhos me ensinaram nos últimos tempos. É por isso que eu vivo cada vitória destes meus ratinhos, cada dia é uma benção, e cada benção é mesmo uma benção com direito a confetis e festa rija e não apenas um encolher de ombros conformado como se fosse obrigação da vida dar-nos isto.
Os movimentos dos pequeninos parecem, nas palavras do pai, de cobras com pernas. Continuam fugidios mas já gostam mais de festinhas e beijinhos (ou se calhar, já não tem tanto espaço por onde fugir...). Não sei se já reconhecem a minha voz mas prefiro acreditar que sim.
A tarefa da semana tem sido arranjar as roupas (minúsculas, lindas) dos dois piolhos. Mantenho a obsessão em comprar roupa de prematuros. Olham-me com olhos de "´tá loka!" mas sei como é um bebé pequenininho vestido com roupa grande. Torna-se ainda mais pequenino e com ar ainda mais indefeso.
Não tem sido tarefa fácil porque não posso sair muito de casa e procurar á vontade. Além disso a gravidez tornou-me um bocadinho lenta e grande parte dos meus neurónios migrou para a barriga pelo que tem sido uma tarefa hilariante. É tudo a dobrar, e mãe cheia de experiencia que sou... Enfim, tem sido bonito. Se dependesse só de mim estas crianças provavelmente chegariam à maternidade e teriam a roupa toda trocada. Ou não teriam roupa (errrr... onde é que ficou a mala?!?).
Hajam avós, bisavós e tias-avós!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sabem aquelas mães que dizem que o menino já sabe dizer "obrigado" ou "cão" ou "gato"? E vai vão de chamar o menino para mostrar o feito e o menino, que passou o dia todo aos berros "obrigadooooo", "cão", "gaaaaato", fica calado?

Os meus filhos, nascidos que ainda não estão, já aprenderam a deixar-me "pendurada".

Podem estar num desassossego surreal, num pontapeado duplo que só faz lembrar ensaio de escola de samba 2 dias antes do carnaval que assim que eu chamo alguém para pôr a mão na barriga e senti-los também - e faço-o baixinho, por códigos ou linguagem morse para não os assustar -, páram! Quietinhos, caladinhos que nem ratos.

E nem adianta eu tentar explicar que não tarda nada recomeçam e que eles estranham as mãos... Os safados já sabem quem é a mãe e quem é o pai, quem é que os vai alimentar, pagar a escola e vestir e recusam-se a fazer gracinhas às outras pessoas.


Sabidinhos :)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Decisões

Depois do susto das renovadas contracções dei por mim a (finalmente) acreditar que não dá para ser mamã-cirurgiã e "andar a salvar vidas" 12 horas por dia em cima das pernas com dois bebés na barriga, só com a desculpa de que "não consigo não ser assim". Apercebi-me que não há cinta com reforço lombar (um must de toda a gravida) nem meias de descanso que me salvem se não puder sentar-me de vez em quando, comer regularmente e beber água. Apercebi-me que há dádivas que não se podem descurar e decidi, pela primeira vez na vida, pelos meus filhos.

Se custou? Sim, não minto, sob pena de parecer uma megera aos olhos das mães extremistas. Sou médica há 5 anos, antes disso já o era em coração há, pelo menos 7. Muito tempo. Sou mãe há 5 meses. Inicialmente senti-me a trair a minha profissão mas, em cinco meses, já consegui perceber que, por agora, tenho uma nova missão. E se não falhar enquanto profissional é importante, garantir que, no que depender de mim, estes bebés têm a possibilidade de viver e a oportunidade de ser saudáveis, é-o muito mais.

Agora como, bebo água e descanso a horas regulares. E bordo, que os nós aprendidos na cirurgia hão-de servir para alguma coisa...

sábado, 12 de junho de 2010

Dos barulhos que nos irritam...

Bem sei que o Mundial é na Africa do Sul.
Bem sei que cada um faz barulho como quer.
Mas... vuvuzela?
Desde pequena que desgosto do som da vuvuzela, é monótono.
Mas é tribal. É tradicional. Ok, uma vuvuzelada de vez em quando não faz mal a ninguém. Mas 90 minutos a ouvir vuvuzela??
Da proxima emprestamos um quissange, uma marimba, ou até um reco-reco.
Vuvuzela é que não.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Planos...

"Os nossos filhos vão ser extraordinários. Ele vai ser super inteligente como eu e inventar a cura para o HIV. Ela vai ser linda como tu mas mais alta, vai ser modelo e dominar as passerelles!"

Deixa uma pessoa de ser criança para conseguir ter médias para entrar no curso com maior média a nivel nacional, perde essa pessoa seis anos da sua juventude fechada em bibliotecas a queimar pestanas para acabar o tal do curso. Estuda dois anos para conseguir entrar numa especialidade em que trabalha o dobro para conseguir provar o mesmo que os colegas do sexo masculino. Tudo para tentar mostrar que não basta ser uma carinha bonita. E ele agora quer que a nossa filha seja modelo???

Só não me zanguei porque algures na conversa ele me disse que eu era linda :)

terça-feira, 8 de junho de 2010

It's a boy... and a girl!

De coração cheio. Cheinho, sem caber cá mais nada.
Os taquinhos estão bem, morfológicamente falando. Nem quistos coroideus, nem fendas labio-palatinas, nem malformações cardiacas, nem onfalocelos, nem mielomeningocelos nem nada dessas coisas que me têm atormentado nos ultimos tempos.
Estão os dois bem. Um menino e uma menina.
Ele enorme, cabeçudo, orelhas de abano, passou o tempo todo a dar pontapés à mana.
Ela pequenina, encolhidinha, no canto dela.
E nós, babadissimos, agradecidissimos e com a sensação de que temos sido muito, muito abençoados.

domingo, 6 de junho de 2010

O meu momento Nicola...

Um dia sentes um pontapé nosso na barriga...

... Hoje foi o meu dia!

Speechless.

domingo, 30 de maio de 2010

Rock in Rio (de Mouro, pode ser?)

Não é nada fácil ver o "meu" quintal transformado em Rock in Rio.

Têm sido dias dificeis de barulho hasta las tantas (benditos vidros duplos), ensaios a partir das 8 da manhã (benditos vidros duplos de novo), discussões com os senhores policias que, mesmo com o belo do autocolante a dizer "moradores" colado no vidro, insistem em não me deixar entrar em casa - Por falar nisso, se ao retirar o autocolante, o meu vidro não ficar como estava, processo a Roberta Medina. O drama não acaba aqui porque quando os senhores policias me deixam passar para casa a multidão está toda á porta (já desde a noite anterior ao concerto, em saco cama, aliás) e não deixa.

Mas mau mau mesmo tem sido o dia de hoje. Para além de só ver pessoas vestidas de preto - não gosto, parece funeral - temos tido, desde as oito da manhã um barulho de fundo que entretanto foi aumentando e agora só se ouve "braaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa" assim num som que parece mistura de arroto com inicio de vómito.

Sinistro...

sábado, 29 de maio de 2010

CasaNostra

Vai lá estar grávida (de gémeos, ainda por cima) e andar à procura de casa para longe.

É o que dá o "ah e tal, nós somos diferentes... e fazemos as coisas our way... ah porque casar e montar casa nunca foi um objectivo... porque o importante é aproveitarmo-nos... ah porque o resto trata-se à medida que vai acontecendo". E fomos vivendo na nossa casinha alugada, linda de morrer, mas exorbitantemente alugada. Já estavamos a pensar nisso mas "estamos aqui tão bem e tal"...
Só que a vida muda (felizmente) assim de um dia para o outro, munidos de dois pequenos rebentos, decidimos que a altura era a de comprar casa. E ter quartinhos pirosos com barrinhas de bonecos nas paredes, uma varanda onde pudessemos plantar uma árvore e ler um livro... Essas coisas.
Começa o filme das agências, de andar com bloquinho na mão a apontar o número das placas do "vende-se", o drama do spread mais as avaliações e os senhores gestores dos bancos (que fofinhos, falam uma lingua diferente da minha...).

Esta semana tomavamos uma decisão. Esta semana que acabou e na qual só conseguimos um senhor meio nu durante uma visita a uma casa, uma multa da Emel e uma valente dor supra-pubica por andar a passear a barriga mais do que 15 minutos seguidos.
Da casa, estamos cada vez mais longe.

Note to self: na próxima reencarnação arranja casa antes de ter filhos. E faz depilação definitiva antes também.

Ah faço, faço!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Zen...

E hoje, que seria um dia tão feliz para ti, sinto tantas, mas tantas, mas tantas saudades tuas... Know u'r in a better place mas às vezes sou pequena e dói. But yet, quem precisa de ver o papa quando está ao lado de Deus?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

[Das alegrias da gravidez]

Agora é que eu fico uma grávida chata. Ter doentes e urgências e mexer em bisturis tirava-me um pouco deste cocktail de hormonas que é estar grávida. Evitou-se durante algum tempo, para bem de todos, as conversas sobre listinhas de enxoval, quartinhos de bebés e afins. Agora, presa em casa depois de um episódio digno de novela, dou por mim a navegar a alta velocidade (já que andar está moderadamente proibido) em blogs de grávidas, de bebés, de mobilias de bebés, de comida de bebés, de tudo de bebés.

Para além disso começo a adquirir alguns hábitos estranhos. Fazer festinahs na barriga foi o primeiro. Eu sei, voces sabem e toda a gente sabe que no meio da minha gordurinha subtcutanea (pouca), os meus musculos abdominais (desenvolvidissimos), liquidos aminitoticos, placentas e coisas que tais, é obvio que os meus filhos pequeninos nao sentem as minhas festinhas. Even though, a minha mão foge invarialmente para a barriguita e quando dou conta lá estou eu, qual gordo satisfeito a seguir ao almoço, a esfregar a pança... Para já ainda não apoio as mãos na região lombar enquanto empurro a barriga para a frente mas, a continuar desta forma, não falta muito...

sábado, 1 de maio de 2010

[Da Orgência...]

Tenho para mim que com tanta urgência estas crianças quando nascerem já sabem suturar cabeças e que em vez de papá e mamã a primeira coisa que vão saber dizer é "tinoti"...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

[BabyBlog]

Muito tempo sem escrever, eu sei. Ocupada, sem vontade. Com o trabalho e as urgências, e os relatórios e o exame anual. E a grande mudança. Este blog vai, invariavelmente, passar a ser um baby-blog... Para além da minha vida de havaiana no pé e bisturi na mão, agora também há bebés (sim, são dois!) na barriga.
Dois bebés lindos e pequeninos (já tinham 55 mm a ultima vez que nos vimos...). Muito, muito pequeninos. Tão pequeninos que chega a dar medo.
Donos de uma capacidade imensa de me fazer enjoar, vomitar, dormiiiiiiiiiiir... Ladrõezinhos da minha força de fazer urgência durante 24 horas e aguentar outras 6 sem reclamar. Continuo a fazê-las. Mas custa saber que eles nao descansam e passam 30 horas a receber os meus inputs de stress. Valentes, estes bebés. Mini-cirurgiões.
A verdade é que, aparte a conversa do "estado de graça" e todas essas coisas, a minha pequenina experiência de maternidade já me modificou. Já nos modificou. E foi para melhor.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

... da chuva.

Eu digo que não mas se calhar gosto de chuva. E de drama. E de acordar assim, com aquele vazio de que falta algo. E não, não é ressaca. Água da torneira na discoteca não dá, tanto quanto se saiba, ressaca. É uma sensação de vazio, de me lembrar dos que amamos e estão longe. De saudades dos que foram quando vemos uma ambulância parada a um prédio de Lisboa. De certeza foi a tua mensagem, logo de manhã. Deixou-me assim. Assim de olhar à volta e sentir que nunca nada é completo. Mesmo que seja tudo tão, tão perfeito. De sentir que os três somos um e que a tua distância nos dói. E olho o meu parque, com o meu arco-iris. E a chuva. E acho que no meio de tanta coisa, até gosto de chuva.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

N.E.R.D.

Quando uma pessoa pergunta, de forma completamente inocente, a outra pessoa que nunca viu mais gorda quem é que ela é e por que carga da água nos quer adicionar como amigo no Facebook, é mau? Quando a pessoa que nos quer adicionar no Facebook é uma estrela de futebol e nós nem fazemos ideia, é mau?

Quer dizer que a primeira pessoa é mesmo muito fora-de-onda? Quer dizer que eu não entendo nada de futebol ou, tendo em conta os 2.398 amigos de facebook da estrela, quer dizer que eu não conheço nada do mundo?

Acho que este tipo de atitudes me colocam, oficialmente, no clube dos nerds. O próximo passo é tocar oboe na tuna dos ex-alunos da faculdade.